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Brasil está entre os países mais afetados pela dengue

Mais de um milhão de pessoas são infectadas pelo vírus anualmente, mas vacina pode ajudar a reduzir os casos da doença.

Revista da Farmácia – ed. 196:

O verão é sempre bem-vindo. Sol, calor, mar e vida ao ar livre. Mas nem tudo são flores. Juntamente com a estação, vêm as chuvas e a água parada, combinação que favorece a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. A população precisa ficar alerta desde já, pois os números de contágio estão crescendo. O Brasil, por exemplo, está entre os países mais afetados pela dengue no mundo.

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), divulgados no fim de 2016, no Estado do Rio de Janeiro, em 2015, foram registrados mais de 70 mil casos prováveis de dengue, o que contribuiu para posicionar o Sudeste como a região com o maior número de casos prováveis da doença (1.026.226; 62,2%) em relação ao total do País. Em seguida, estão as regiões Nordeste (311.519; 18,9%), Centro-Oeste (220.966; 13,4%), Sul (56.187; 3,4%) e Norte (34.110; 2,1%).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as estimativas contabilizam que 390 milhões de pessoas são infectadas pelo vírus da dengue anualmente. Em 2015, o Brasil foi o país com o maior número de ocorrências notificadas: 1,6 milhão de casos de dengue.

Ainda segundo a OMS, cerca de quatro bilhões de pessoas vivem em áreas com risco de infecção pela doença e, anualmente, 3,2 milhões de casos são registrados no mundo, sendo que 500 mil são considerados graves e 21 mil resultam em morte. A dengue afeta mais de 120 países e ainda é considerada uma doença negligenciada.

No Brasil, de acordo com o estudo Economic Impact of Dengue: multicenter study across four Brazilian regions, estima-se que o gasto com a doença tenha sido de 1,2 bilhão de dólares em 2013, uma média de 448 dólares para cada caso de hospitalização e 173 dólares para cada caso ambulatorial.

Vacina auxilia no combate

Em julho de 2016, a empresa Sanofi Pasteur lançou a vacina tetravalente, que oferece proteção para os quatro sorotipos existentes da doença (tipos 1, 2, 3 e 4): a Dengvaxia. Ela possui a estrutura do vírus vacinal da febre amarela, o que lhe dá mais estabilidade e segurança, sendo a primeira aprovada no mundo.

O imunizante é indicado para pessoas entre 9 e 45 anos, sendo necessárias três doses com intervalos de seis meses entre cada uma delas. A partir da primeira dose, a vacina já oferece alguma proteção, mas, para uma imunização duradoura e equilibrada, é preciso que as três doses sejam aplicadas no paciente.

A vacina, que foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro de 2015, também possui chancela da OMS e recebeu, em setembro de 2016, a indicação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da Sociedade Latino-Americana de Infecto Pediatria (SLIPE).

A diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani, explica que as pessoas que já tiveram a doença podem e devem tomar a vacina, frisando a importância da imunização para desafogar os atendimentos no sistema de saúde. “Para quem já teve a doença e se vacinar, a eficácia é de 82%. Esse percentual cai para 52% quando se tratar de um paciente que nunca foi infectado pela dengue. Esse tipo de prevenção visa a contribuir com os esforços governamentais em termos de educação e controle do mosquito transmissor, bem como na redução dos gastos com internações”, frisa Sheila.

O valor da vacina da Sanofi Pasteur, para clínicas e farmácias, fica entre R$ 132 e R$ 138, mas o preço para o consumidor final varia de acordo com o estabelecimento. O cliente deve gastar, em média, R$ 750, o equivalente a R$ 250 cada dose, pois a farmácia terá gastos com armazenamento e aplicação.

Segundo o MS, não se tem uma previsão da chegada do imunizante no serviço público de saúde, pois ainda serão feitos estudos de custo para a distribuição nacional.

Segundo o estudo Modelagem do Impacto da Vacinação contra a Dengue no Estado do Rio de Janeiro, divulgado em 2016 e realizado pelo coordenador de um grupo de estudos econômicos e financeiros da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Denizar Vianna, a vacina contra a doença pode, em dez anos, reduzir em quase um terço, ou seja, 921 mil, os casos de dengue no Rio de Janeiro.

O estudo ainda revelou que a vacinação evitaria 392 mortes e 27 mil hospitalizações, correspondendo a uma redução na ocupação de 105 mil dias de leitos hospitalares por dengue. “Se a pessoa já teve dengue e foi picada novamente pelo mosquito transmissor, ela tende a ter uma dengue em nível mais grave. Por isso, a importância da prevenção, o que assegura contra a doença e também auxilia o SUS”, alerta Vianna.

O Instituto Butantan está testando uma nova vacina feita no Brasil. O antídoto também é derivado de vírus atenuados e está na terceira fase de testes, em que mais de 17 mil voluntários serão observados, dois terços deles receberão a vacina verdadeira e um terço receberá um placebo. Antes, a vacina passou por testes clínicos nos Estados Unidos, em 600 pessoas, e depois em São Paulo, em mais 300. O plano de fazer os testes agora em todo o Brasil é garantir que as pessoas estudadas tenham contato com todos os sorotipos da doença.

Efeitos do imunizante

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai, orienta que a vacina contra a dengue não deve ser aplicada em pessoas imunossuprimidas, grávidas, lactantes e com doença aguda ou febril moderada ou grave em curso. Quem estiver com dengue também não deve tomar a vacina, pois o imunizante somente previne e não trata a doença. Depois, com o restabelecimento da saúde e avaliação do médico, a vacinação pode ser boa opção.

Especialistas alertam que, mesmo depois de tomar a vacina, os pacientes devem receber orientações de continuidade em relação à prevenção da doença, como usar repelentes, roupas adequadas e redes de proteção contra os mosquitos. O paciente também não pode tomar outras vacinas ou produto farmacêutico injetável juntamente com a vacina contra a dengue, pois nenhum estudo específico foi realizado sobre a administração simultânea de ambas as vacinas.

“O reforço da imunização não é necessário em até cinco anos, segundo estudos, mas outras pesquisas serão feitas para confirmar a necessidade ou não de outras dosagens após esse período”, acrescenta Isabella.

Farmácias: aliadas no controle da doença

Desde outubro de 2016, as farmácias e drogarias do município do Rio de Janeiro passaram a ter permissão para realizar o serviço de vacinas em seus estabelecimentos, o que foi possível a partir da Lei Complementar 167, que regulamenta a vacinação no varejo farmacêutico, de autoria do vereador Eliseu Kessler.

Com isso, a farmácia se torna uma forte aliada no combate à dengue e pode ajudar na redução dos casos de contaminação por meio de duas frentes de trabalho: campanhas educativas e vacinação. Trata-se de uma estratégia também de fidelização, pois reforça, junto ao paciente, o posicionamento da farmácia como um ponto de saúde, que preza pelo bem-estar da população.

Empresários do varejo farmacêutico que desejarem investir em uma sala de vacinação para oferecer o serviço de maneira adequada e de acordo com as normas vigentes vão gastar, em média, R$ 7mil. “Esse custo abrange lavatório com água corrente, maca, mesa, mobiliário com escada e cadeira, itens indispensáveis para o atendimento”, enumera a farmacêutica e consultora de Vendas do Grupo Buzatto’s, Marília Mol.

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Modelo de sala para atendimento, com os mobiliários adequados: mesa, cadeira, maca, escada de três degraus.

Além disso, a sala precisa dispor de toalha de uso individual e descartável, sabonete líquido, gel bactericida e lixeira com pedal. E, para fazer o descarte dos resíduos sólidos de saúde, as lojas devem dispor de contrato com uma empresa de coleta de resíduos perfurocortantes, que seja cadastrada junto ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).

De acordo com a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, as farmácias e drogarias que desejam oferecer a vacinação devem solicitar o licenciamento sanitário por meio do portal Carioca Digital. “O solicitante precisa informar, no requerimento de licenciamento, que pretende realizar a atividade de prestação de serviços farmacêuticos/administração de medicamentos”, orienta a Vigilância.

O órgão sanitário também faz um alerta: os serviços de armazenamento e administração de vacinas devem atender, além das normas relacionadas às Boas Práticas Farmacêuticas, às normas referentes à vacinação e adotar as práticas do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI).

No que se refere ao prazo para obtenção da licença para esse tipo de serviço, segundo a Vigilância, é feito um agendamento das inspeções conforme demanda e disponibilidade de recursos. Sendo assim, atualmente, não é possível prever em quanto tempo, após requerimento no Carioca Digital, a farmácia terá a licença atualizada em mãos.

Para o empresário e farmacêutico Ricardo Valdetaro, ainda é cedo para afirmar quais serão os retornos para o setor, se ele, de fato, decidir ampliar os serviços e oferecer a vacinação. A Farmácia do Leme nunca havia oferecido a vacina contra a dengue antes, mas decidiu testar comprando poucos lotes. “No fim de 2016, recebi os primeiros lotes da vacina na minha farmácia e, naquela época, a procura por parte da população foi baixa. Acredito que cresça quando os consumidores entenderem a importância de se prevenir contra a doença”, avalia Valdetaro.

A empresa responsável pela vacina contra a dengue, a Sanofi Pasteur, vem acompanhando a questão da vacinação nas farmácias e drogarias e, para a companhia, essa medida só é possível se os estabelecimentos estiverem aptos a cumprirem as leis de controle sanitário no que se refere ao armazenamento adequado e também à aplicação das vacinas.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai, ressalta que a entidade não é contra a vacinação em farmácias e drogarias, desde que as boas práticas sejam respeitadas. “O paciente não pode ficar exposto aos riscos e, por isso, é importante a adequação do estabelecimento para esse tipo de serviço, respeitando todas as normas”, frisa.

Isabella também cita a necessidade de acompanhar o paciente após a aplicação da vacina. “Nas clínicas, em caso de reação adversa, a pessoa pode procurar, imediatamente, pelo médico para saber como proceder. Como será esse acompanhamento nas farmácias? A população precisa ter um amparo do profissional de saúde, mesmo após as aplicações”, defende a presidente da SBIM.

De acordo com Ricardo Valdetaro, da Farmácia do Leme, é raro ocorrerem casos de pacientes que retornam à farmácia com alguma reação adversa após ter tomado uma vacina. “Se isso acontecer, o farmacêutico verifica se a reação está descrita na bula da vacina. Em caso afirmativo, explica ao paciente que é normal e que logo o problema irá cessar, pois essa é uma das reações previstas no imunizante”, observa. Se for uma reação não descrita na bula, a farmácia preenche um formulário de reação adversa informando o caso, entra em contato com o fabricante da vacina, relata a situação e envia o formulário via fax para registro do problema. “Quanto ao paciente, procedemos de acordo com o que o fabricante nos orienta. É muito difícil não recebermos retorno imediato dele, mas, se isso acontecer, a farmácia não deixa de acolher o paciente e encaminhá-lo à unidade de saúde mais próxima, se necessário”, conclui.

Comunicação Ascoferj

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