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Notícias
22 de setembro de 2014.
Em dezembro de 2007, uma reunião entre Jim Cornelius e Lamberto Andreotti, presidente do conselho e o então chefe de operações da Bristol-Myers Squibb, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, selou o futuro de uma companhia que não tinha muita coisa para comemorar até então. Na época, os dois executivos pensavam em maneiras de driblar uma maré de azar e erros de gestão, que vieram em forma de multas bilionárias, aplicadas pelo governo americano, na saída de seu CEO e na dificuldade no desenvolvimento de novos medicamentos. O consenso foi que a empresa precisava reduzir de tamanho para voltar a crescer. Para isso, o Bristol adotou um receituário amargo: enxugou custos, vendeu patentes e focou somente em remédios contra enfermidades mais graves, como câncer, hepatite e o HIV. Resultado: o faturamento minguou 15,5%, para US$ 16,3 bilhões, e o quadro de funcionários diminuiu 33% em seis anos. Graças a essa estratégia ousada, a Bristol viu o preço de suas ações disparar no mercado e, como prêmio, Andreotti se tornou CEO mundial da indústria farmacêutica. Para atingir esses objetivos, a dupla realizou cortes cirúrgicos. A área mais afetada foi a divisão de diabetes, que mantinha em parceria com a sueco-britânica AstraZeneca. Depois de 15 anos investindo em medicamentos contra o tipo 2 da doença, os americanos perceberam que a forte concorrência forçava para baixo as suas margens de ganhos. Diante disso, decidiram vender sua fatia para os parceiros, embolsando cerca de US$ 4 bilhões. "Vimos que o caminho para ter sucesso era através de ideias surpreendentes", afirma Gaetano Crupi, presidente da Bristol Brasil. "Essa foi uma delas." E qual era a situação da Bristol por aqui? Bem, não era muito diferente do que acontecia no exterior. Em 2012, para conduzir a transformação na subsidiária, os americanos recrutaram o experiente executivo, de 56 anos, dos quais 35 foram dedicados ao setor em empresas como Abbott e Lilly. A partir daí, Crupi teve de gerir uma empresa que não mais contava em seu portfólio com marcas blockbusters no varejo, como o antigripal Naldecon e o antigases Luftal, nem com a única fábrica de medicamentos da companhia no País. A unidade situada em Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo, foi descontinuada em 2010. Em vez de produzir, a Bristol repassou à britânica Reckitt Benckiser, por US$ 482 milhões, o direito de fabricar e vender seus remédios no País e no México. O contrato tem validade até 2017, com opção de compra. Ao sair de nichos que exigem alto grau de investimento em propaganda e logística, a Bristol começou a se concentrar em drogas inovadoras, especialmente na área de imuno-oncologia. O medicamento Yervoy, por exemplo, é tido como o primeiro que dá sobrevida aos pacientes com câncer avançado, por meio de um mecanismo que estimula o sistema imunológico contra a doença. "Estamos focando em doenças que serão recorrentes por causa do envelhecimento da população", diz Crupi. "Isso nos deixará na dianteira no futuro." Pelo visto, o mercado gostou dos resultados obtidos em nível global. Na Bolsa de Valores de Nova York, o preço das ações do centenário laboratório americano dobrou desde o início da reestruturação. Os papéis encerraram o pregão de quarta-feira 17 cotados em US$ 50,88, aumento de 147% em relação a setembro de 2007. No mesmo período, o valor de mercado da Bristol atingiu US$ 82 bilhões. "É o resultado de uma política de fazer medicamentos de primeira linha, já que os concorrentes não têm segurança de produzir genéricos a partir deles", diz Lourival Stange, consultor da área farmacêutica. No Brasil, o décimo maior mercado do mundo para a Bristol, Crupi não tem tantas preocupações com a criação de remédios inovadores, mas enfrenta problemas que podem ser igualmente desafiadores. Por atuar com produtos de preço elevado, as vendas são sempre para o mercado institucional. "A nossa missão é estar frequentemente conectado com o governo e trazer os produtos o mais rápido possível", diz o executivo, que já diminuiu de quatro para apenas um ano o tempo de importação dos remédios. Fonte: ISTOÉ Dinheiro