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Cautela em cenário político imprevisível

Os últimos dois anos foram marcados pela crise econômica, pelos escândalos políticos, pelo desemprego, por milhares de empresas fechando as portas e uma população nada confiante de que algo poderia melhorar. Porém, em 2017, a situação começou a mudar, com a economia dando sinais de recuperação, mesmo que lentamente. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto, em 2016, as vendas do varejo encolheram quase 2%, em termos reais, no ano seguinte, o crescimento foi de mais de 4%.

Segundo o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, entre os motivos para essa melhora estão a inflação dos alimentos e as taxas de juros, que recuaram, a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (PIS), a recuperação do emprego e, consequentemente, a confiança resgatada pelo consumidor em gastar um pouco mais. “Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, mostraram que os setores que mais se destacaram foram o de móveis e eletrodomésticos, com alta de 8% entre janeiro e agosto; de vestuário, com 7,3%; e materiais de construção, 6,5%”, enumera Bentes.

 

Comportamento do varejo

Tudo indica que o varejo continuará sua trajetória de recuperação, um reflexo do processo contínuo de redução na taxa de desemprego, mas o coordenador dos cursos de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA) Labfin-Provar, Marcos Piellusch, alerta que, mesmo com essa previsão, algumas questões ainda preocupam, como a elevada dívida pública. “O encaminhamento de soluções para o déficit público ainda é algo crítico para que a confiança seja totalmente retomada e exista um crescimento mais vigoroso”, diz Piellusch.

Segundo o especialista, a inflação deve ficar em torno de 4%, número considerado baixo, o que permitirá preços estáveis e preservação do poder de compras das famílias, que conseguirão consumir mais. “A retomada do emprego e a queda na taxa básica de juros, que deverá ficar entre 6,5% e 7%, favorecerão o crédito para o consumo, que ficou estagnado em 2017 após retração em 2016”, explica.

Piellusch frisa que a retomada do crédito deve ser mais lenta porque os bancos ainda estão muito cautelosos com a inadimplência, e o crédito ao consumidor deve crescer menos que 3%. Para ele, o período é bom para organizar os processos administrativos e financeiros das empresas, adotando indicadores de desempenho para o acompanhamento dos negócios e compreendendo os fatores que mais afetam o resultado e a situação financeira da organização. “Tomando essas medidas, a consequência será a de uma gestão realizada com mais propriedade, com conhecimento dos números reais, evitando assim surpresas desagradáveis”, analisa.

O economista Fábio Bentes complementa garantindo que um dos desafios do varejo será a previsibilidade.

“Quando o consumo aumenta, é preciso investir para se manter. E fazer investimento, no Brasil, com um cenário político incerto, como é o nosso caso, é arriscado para as empresas. Recomendo dosar bem as intenções de investimento para que o resultado não seja frustração. Ninguém quer repetir os números negativos de 2016, ano em que milhares de lojas fecharam as portas”, alerta o especialista.

Em se tratando do varejo farmacêutico, especificamente, será preciso ficar atento à taxa de câmbio para que o setor não tenha que sofrer com os altos custos de uma importação e também selecionar com cuidado os produtos à venda na loja. “As farmácias devem procurar manter um mix variado, principalmente no que se refere à categoria de cosméticos, e esse sortimento deve ser condizente com o orçamento real das famílias, que ainda estão se recuperando gradativamente da crise”, acrescenta Bentes.

 

Canal farma é o menos prejudicado

Segundo dados da Close-Up Internacional, durante os anos de 2016 e 2017, o canal farma foi um dos menos prejudicados pela instabilidade econômica do Brasil. Porém, nesses 24 meses, houve uma desaceleração em seu nível de crescimento. Em 2018, o setor deve crescer 4,2% em unidades e 9,4% em reais/desconto, mas sem alcançar o bom desempenho de 2015.

Num comparativo nacional, em 2017, entre dez maiores estados brasileiros, o Rio de Janeiro foi o que menos cresceu no ranking de unidades, ficando em quinto lugar. De acordo com a gerente de Relacionamento de Provedores de Informação da empresa, Joscimara Wamser, isso foi ocasionado pelos problemas políticos e sociais pelos quais o Estado do Rio de Janeiro vem passando. “Mesmo com esse resultado, o Rio ainda tem grande potencial, pois ocupa a segunda posição em vendas em unidades e reais entre as unidades federativas, apresentando um market share de 11,75% em unidades e 11,76% em reais/desconto”, detalha Joscimara.

Os medicamentos de prescrição lideram a participação de mercado, seguidos dos não medicamentos, o que consolida o varejo farmacêutico como um importante canal de distribuição. Quanto aos genéricos, o mercado continuará com participação ampliada, tanto em 2018 como nos próximos anos. “Essa previsão se deve ao maior número de pessoas idosas com doenças crônicas, fazendo com que a classe de genéricos seja uma opção para essa população”, avalia Joscimara.

 

Atenção ao negócio

Para minimizar riscos e ter mais sucesso nas negociações, os empresários do varejo farmacêutico devem ficar atentos ao cenário como um todo e fazer uma avaliação antes de tomar qualquer decisão. O economista e sócio da GCM Consultoria e Assessoria Empresarial, Geraldo Monteiro, afirma que o empresário de farmácia que tem dívidas com fornecedores deve aproveitar o período para colocá-las em dia. “Um conselho: se for mais de uma dívida, unifique todas e opte pela portabilidade. Assim, é mais provável conseguir negociá-las com um único agente financeiro e ainda com a possibilidade de uma taxa de juros mais atrativa e de menor valor, o que já é uma economia para o bolso do empresário”, sugere Monteiro.

Para conseguir aumentar o tíquete médio da farmácia, o empresário deverá enxergar no próprio negócio quais são as ameaças existentes, os pontos fortes e fracos, olhar para dentro e para fora e entender quais são as possíveis oportunidades que ele tem para investir e alavancar.

“Faça pesquisas com os clientes para conhecê-los e ficar por dentro de hábitos de consumo. Veja como é a atuação do concorrente e identifique quais são os desafios do mercado em geral. Além disso, controle os custos, evite desperdícios e amplie a oferta de serviços ao consumidor, oferecendo serviços de entrega, vendas online, por delivery e estacionamento em frente à loja”, orienta o economista.

O sócio-diretor da GS&Consult, Alexandre Van Beeck, afirma que o canal farma é um dos principais do varejo e com grande potencial de continuidade de crescimento, mas depende da iniciativa dos empresários. “Esse é o setor que está mais próximo do cliente quando ele precisa e com a possibilidade de incluir novos diversos serviços. É importante ficar atento a esses pontos fortes e aproveitá-los. Que tal ofertar mais serviços farmacêuticos aos clientes?”, sugere.

Para Beeck, as farmácias e drogarias se destacam também quando o assunto é serviço digital, sendo um dos mais consolidados e com oportunidades de crescimento nesse canal. “Existem redes que investem pesado nesse meio e conseguem um bom relacionamento com os clientes. Hoje em dia, as pessoas estão mais virtuais e exigem serviços mais eficientes”, argumenta.

Portanto, se torna fundamental os empresários saberem como irão integrar a loja física com a venda online. A partir daí, ficará mais fácil desenvolver uma relação de confiança e credibilidade com o cliente, fazendo a diferença em um futuro próximo e com reconhecimento total de quem faz uso do serviço.

 

Profissionalização e qualificação

Em 2016, as empresas que não conseguiram crescer tiveram dificuldades de se adaptar a novos modelos de negócio. O presidente da Febrafar, Edison Tamascia, assegura que o desafio das redes independentes não se refere ao mercado e sim aos empresários, que precisarão entender quais posicionamentos estratégicos deverão adotar para competir em um mercado cada vez mais profissionalizado e qualificado. “Se a pequena empresa não estiver agrupada em associativismo, franquia ou outro meio que possa proporcionar competitividade e que não seja somente a condição comercial, perderá para o concorrente”, frisa Tamascia.

O que se tira de tudo isso é que o cenário, em 2017, será melhor, com uma crise menos intensa. “Quando você olha para trás, todos estão cercados de incertezas. Hoje, pelo menos, as bases da economia estão mais estabilizadas e as oportunidades aparecendo”, conclui o presidente da Febrafar.

Fonte: Revista da Farmácia ed. jan/fev 2018

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