O Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) publicou uma Nota Técnica falando sobre o uso da Dexametasona no tratamento de pacientes graves com Covid-19. O documento é baseado no estudo clínico RECOVERY (Randomizes Evaluation of COVid-19 thERapY), coordenado pela Universidade Oxford, que envolve 175 hospitais no Reino Unido.
Estudo RECOVERY
Martin Landray, um dos investigadores-chefes do estudo, PhD, professor de medicina e epidemiologia do Departamento de Saúde da População da Universidade, explica o objetivo do estudo: “A pesquisa foi ativada buscando tratamentos que podem melhorar a sobrevida, particularmente de pacientes mais graves”.
Iniciado em março de 2020, o RECOVERY testa uma gama de potenciais fármacos para a Covid-19, como os antivirais lopinavir, ritonavir, o antimalarial hidroxicloroquina (que já teve ineficácia comprovada), o antibiótico macrolídeo azitromicina, o anticorpo monoclonal ocilizumabe, plasma de indivíduos convalescentes e o anti-inflamatório esteroidal dexametasona (em doses baixas).
Dexametasona
Na parte do estudo da dexametasona, 2.104 pacientes com Covid-19 foram tratados com 6 mg/dia, por via oral ou endovenosa, por 10 dias. Enquanto isso, cerca de 4.321 pacientes receberam somente tratamento de suporte.
Os resultados mostraram redução da mortalidade em 1/3 (33%) dos pacientes em ventilação mecânica, e redução em 1/5 (20%) da mortalidade dos pacientes que precisam de suplementação de oxigênio. Nenhum benefício foi observado para os pacientes que não necessitavam de suporte respiratório. Tudo isso indica que o fármaco pode se tornar padrão para tratar pacientes com complicações respiratórias severas do coronavírus.
Além disso, em 16 de junho de 2020, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou um informe falando sobre a importância dos resultados obtidos sobre a dexametasona no estudo clínico, destacando ainda que o fármaco é barato e de acesso universal.
CRF-RJ pede atenção
O Conselho afirma que, ainda que os corticoides tenham efeito anti-inflamatório conhecido, não estão isentos de efeitos adversos graves, principalmente quando o uso é prolongado e mesmo com doses baixas. Por esse motivo, não devem ser administrados de forma precoce contra Covid-19.
“É importante que todos os profissionais de saúde se informem, por meio de estudos cientificamente comprovados, sobre a dose e a via de administração do fármaco, o tempo de duração do tratamento e a condição clínica do paciente. Desse modo, é imprescindível que a orientação farmacêutica seja sempre enfática quanto aos riscos e benefícios do tratamento com a dexametasona para a Covid-19”, finaliza o Conselho na nota.
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