Abrafarma
Com interesses opostos, os fabricantes apostam no crescimento do segmento no país
Na esteira do crescimento da indústria farmacêutica, laboratórios nacionais investem para ampliar sua capacidade produtiva. Segundo o presidente da Cristália, Ogari de Castro Pacheco, os investimentos programados para o ano serão de R$ 120 milhões; Já a SEM, uma das maiores farmacêuticas da produção de genéricos do país, fará aposte de R$ 500 milhões na construção de uma fábrica.
Segundo Pacheco, com exclusividade ao DCI, a empresa tem projeções de crescimento ambiciosas para este ano, com perspectiva de aumentar o faturamento em 20%. Isso por causa do fortalecimento das parcerias público-privadas (PPs) entre a companhia e o governo federal. “O governo entendeu que precisávamos produzir insumos (fármacos) no país, pois não sendo assim, seríamos apenas transformadores daquilo que se produz lá fora”, explica Pacheco.
De acordo com o presidente da Cristália, cerca de 90% dos insumos para produção de medicamento no Brasil são importados da China e da Índia. Com a medida em vigor desde o fim de 2009, o laboratório estatal compra aquilo que é produzido nacionalmente pelas PPs. Com o incentivo do governo, Pacheco diz que ampliará em 50% a produção, no país, de fármacos, que são os princípios ativos dos medicamentos. “Já produzimos 33% de todos os insumos que utilizamos na fabricação dos nossos medicamentos. Queremos aumentar ainda mais”, afirma Pacheco. O complexo farmoquímico e farmacêutico foi inaugurado em 2009 e já passa por sua segunda ampliação. A previsão é que, ainda este ano, as obras no complexo localizado em Itapira (SP) sejam concluídas. A companhia possui cerca de 25 projetos de substâncias novas em desenvolvimento. O laboratório exporta atualmente, para mais de 40 países, cerca de 6,5% da produção. “Apesar das dificuldade de exportação com a valorização do real, creio que chegaremos a 10% nas transações externas”, enfatiza o executivo. Diferentemente do Cristália, o laboratório, EMS é focado na produção de genéricos, mercado que é apontado, por especialistas, como pilar do crescimento do segmento farmacêutico brasileiro. A companhia que reveza a liderança com a concorrente Medley no Brasil vai construir uma fabrica este ano. De acordo com o vice-presidente de Marketing, Waldir Eschberg Jr, a nova unidade atenderá a necessidade de ampliação de capacidade de produção projetada para os próximos cinco anos, que segundo ele, ficará em 30% para o mercado de genéricos. “ Temos alguns desafios na produção de genéricos, como alto investimento para valor mais reduzido, além do risco elevado e constante, aposte para deter tecnologia” diz Waldir.
No ano passado, a empresa conseguiu autorização da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para produzir importantes medicamentos cuja patente expirou, Viagra e Lipitor, ambos da Pfizer. A terceira planta da EMS estará voltada para o desenvolvimento de medicamento para doenças respiratórias, como parte do acordo fechado que contempla a transferência de tecnologia entre a EMS e o governo de Cuba e da China. Segundo o executivo da companhia, a produção da empresa este mês já deve saltar de 30 milhões para 40 milhões de comprimidos ao mês. A farmacêutica também investe em cerca de 6% do faturamento em P&D. Ainda sem fechar o balanço do ano passado, a projeção é que o faturamento de 2009 de 2,45 bilhões tenha sido superado em 30%. A EMS possui duas plantas produtivas: em São Bernardo do Campo(SP) e Hortolândia(SP), onde também funciona o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Os medicamentos produzidos pela companhia são mais de 1,7 mil apresentações. Com 60% da produção respondendo por medicamentos genéricos e similares. A consultoria Lafis projeta para este ano e 2012 um avanço no faturamento da indústria farmacêutica de 9,28%, alcançando a receita de R$ 40,15 bilhões e, no próximo ano, de 8,99% para R$ 43, 76 bilhões. Já as vendas de medicamentos deverão apresentar crescimento de 1,54% no ano que vem e chegar a R$ 1,84 bilhão, e de 1,01% em 2012, para 1,86 bilhão de unidade.