Valor Econômico
A Sanofi-Aventis está fazendo valer a regra de administração de pensar globalmente e agir localmente. Com conclusão da aquisição da brasileira Medle, a farmacêutica francesa decidiu deixar a fabricante de genéricos operando independente da estrutura da Sanofi. "Reconhecemos a expertise da Medley que terá toda a estrutura preservada", disse ontem o presidente da Sanofi-Aventis no Brasil, Heraldo Marchezini, em sua primeira conversa com jornalistas depois da aquisição da líder brasileira de genéricos.
Embora o grupo possa explorar o segmento com a própria marca, a Sanofi Genéricos, a intenção é fazer da Medley o principal veículo de atuação da Sanofi em genéricos no Brasil. Serão mantidas as marcas, as duas fábricas, as linha de produtos da Medley, agora controlada pelo grupo francês, que supervisionará suas operações. "O propósito da aquisição não é a redução de custos, mas a potencialização das oportunidades", disse o presidente da Medley, Jairo Yamamoto, que continua na função.
Ao fortalecer a posição em genéricos, a Sanofi-Aventis avalia que poderá crescer acima da média do mercado, em torno de 9% a 10%. "A razão é a taxa de crescimento. O grupo passa a crescer acima dos 20%", disse Marchezini, destacando que a sobreposição de produtos é "mínima". O executivo afirmou que a compra vai adequar a companhia à realidade brasileira. Enquanto antes mais de 80% dos medicamentos vendidos pela Sanofi eram de marcas sem patente, onde o crescimento de mercado é em torno de 3% ao ano, mais de 40% do faturamento das empresas combinadas passa a ser com a linha de genéricos, onde as taxas crescem acima de 20% por ano.
A aquisição da Medley não só se encaixa no aumento da presença no mercado de genéricos, como também no fortalecimento da Sanofi-Aventis nos mercados emergentes. O Brasil passa a ser o maior mercado para a Sanofi entre os países emergentes. Além de genéricos, o grupo francês será líder no segmento de medicamentos vendidos tanto em prescrição como venda livre (OTC), superando o grupo brasileiro EMS e a suíça Novartis. As vendas brutas conjuntas do grupo Sanofi-Aventis no país somam R$ 3,21 bilhões, com quase 12% de participação no varejo farmacêutico. A empresa passa a ter 374 produtos.
A Sanofi pagou R$ 1,5 bilhão para assumir os negócios da Medley. Nem toda a cifra irá para os antigos controladores, a família Negrão. As empresas não revelam os valores, mas dizem que parte dos recursos já foi usada para quitar dívidas em atraso. As fábricas já voltaram a operar normalmente, e a Medley já fala em contratar 100 pessoas – as vagas foram fechadas em razão das dificuldades enfrentadas pela companhia no fim do ano passado. O projeto de uma nova fábrica de hormônios da Medley, a ser construída em Brasília, foi mantido, embora o valor original de R$ 40 milhões do investimento seja revisado.
As parcerias de licenciamento de produtos firmadas pela Medley com outros laboratórios estão sendo renegociadas, e a expectativa é dar continuidade aos acordos com espanhola Isdin e a dinamarquesa Novo Nordisk. Mas a molécula do medicamento contra impotência sexual Levitra, da Bayer, que era comercializada pela Medley sob o nome de Vivanza, será devolvida. A Medley