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No olho do furacão

Sem dinheiro, Estado do Rio contribui para aumentar insegurança financeira e deixa empresários do varejo preocupados.

Revista da Farmácia (ed. 194):

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Foi com um grande susto que a população fluminense recebeu a notícia de que o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, havia decretado estado de calamidade pública por causa da crise financeira em meados de junho. Somaram-se a isso os atrasos nos pagamentos dos salários de servidores ativos, inativos e pensionistas. “O governo não está conseguindo gerenciar as tarefas que estão ao seu encargo. A decretação do estado de calamidade pública é uma confissão pública da incapacidade de oferecer respostas mínimas necessárias à população”, critica o professor de Finanças do Ibmec/RJ, Nelson Sousa.

A crise no estado preocupa o varejo e aumenta a insegurança financeira das pessoas, que já têm que lidar com a crise econômica nacional. Com medo de não poderem quitar as dívidas, os consumidores estão comprando menos. Dados divulgados pelo IBGE em julho apontaram queda de 9% no volume de vendas do comércio varejista em maio deste ano, em comparação com o mesmo mês no ano passado, com variações negativas em todas as atividades pesquisadas. Com esse resultado, o volume de vendas no comércio já acumula, nas séries sem ajustes sazonais, retração de 7,3% nos cinco primeiros meses de 2016, refletindo a instabilidade política e econômica que o País atravessa.

No Rio de Janeiro, a retração nas vendas foi ainda pior, devido à crise financeira pela qual passa o estado e ao aumento do desemprego. A pesquisa Termômetro de Vendas do Centro de Estudos do CDLRio, em maio, que ouviu 500 estabelecimentos comerciais, mostrou que todos os setores de bens duráveis e não duráveis apresentaram resultado negativo. A mesma pesquisa apontou que o faturamento das lojas, conforme a localização, também foi negativo.

A inadimplência no comércio do Rio de Janeiro cresceu 1,4% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano passado, sendo o pior resultado para o mês de maio desde 2013. Segundo o presidente do SindilojasRio, que reúne mais de 13 mil empresários lojistas de todos os portes, e do CDLRio, Aldo Gonçalves, o resultado de maio “continua refletindo a situação crítica que o País atravessa com a economia ainda em desaceleração, a inflação alta que corrói o salário do trabalhador e o desemprego. Esse clima de insegurança afasta o consumidor das compras e o empresário de fazer investimentos”, afirmou Gonçalves.

 

Inchaço e gastos elevadíssimos

Uma série de equívocos, na opinião do professor de Finanças do Ibmec/RJ, Nelson de Sousa, levou o Estado do Rio de Janeiro a chegar a esse ponto. “Os estados, de modo geral, estão inchados, com gastos elevadíssimos. Os governadores, em final de mandato, tendem a ampliar compromissos e até assumir novos, sem uma contrapartida de receitas. No caso do Estado do Rio, o problema é mais delicado, pois o estado recebeu royalties antecipados, com a previsão de receitas baseadas em cotações futuras estimadas para o preço do petróleo, mas ele tem tido os preços reduzidos no mercado internacional. Além disso, a redução das atividades das empresas ligadas à área petrolífera provocou uma forte retração na arrecadação”, analisa Sousa.

Para a economia do Rio e para os negócios, em geral, esse quadro é muito ruim, pois tem efeito cascata. “Muitas decisões de investimento são movidas por expectativas e uma redução da atividade econômica ou a percepção dessa redução leva ao adiamento ou abandono de investimentos, que, por sua vez, pioram o quadro de expectativas. Some-se a isso um quadro de carga tributária elevadíssima e uma percepção de que há uma liberdade econômica reduzida e uma burocracia cara, pesada e lerda”, acrescenta o professor do Ibmec/RJ.

Segundo Souza, se os atrasos nos pagamentos voltarem a ocorrer, os impactos no consumo podem ser grandes, porque o Estado do Rio ainda mantém, por razões históricas e por ter sido a capital federal, uma grande dependência do setor público. Os salários, portanto, têm um peso relevante sobre a economia, percentualmente maior que em outros estados. “Atrasos de salários do setor público têm impacto negativo na economia e nos índices de inadimplência”, confirma o especialista.

Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Fazenda do Estado do Rio informou que todos os salários atrasados foram pagos e que os pagamentos futuros estão previstos para acontecerem até o décimo dia útil de cada mês, sem atrasos. No entanto, para o professor de Finanças do Ibmec/RJ, tudo dependerá da gestão da economia nos próximos meses. Num primeiro momento, talvez ocorra uma piora na economia, mas, com políticas fiscais mais austeras, a tendência é de recuperação. Para isso, o estado teria de readequar os gastos às receitas, calculadas realisticamente, sem onerar os contribuintes com novos impostos.

No mais, o professor sugere poupar e buscar investimentos que ofereçam ganhos reais, ou seja, acima da inflação, até que o furacão passe.

 

Farmácia é pouco afetada

O varejo farmacêutico é um dos últimos que sentem os efeitos da crise, porque as pessoas não podem deixar de comprar medicamentos, mas os atrasos nos salários não passaram em branco. Segundo o farmacêutico e empresário Ricardo Valdetaro, da Farmácia do Leme, localizada em Copacabana, Zona Sul do Rio, vários clientes estão passando por dificuldades financeiras e reduziram as compras, até mesmo de medicamentos. “Registramos uma queda de 13% comparando com o mesmo período do ano passado”, diz Ricardo. O movimento da madrugada também teve queda, provavelmente devido à insegurança nas ruas.

Para o também farmacêutico e empresário Ricardo Lahora, proprietário de uma farmácia em Duque de Caxias, a crise financeira instalada e a concorrência desenfreada no segmento de farmácias comunitárias está gerando, em qualquer empreendedor, a reavaliação na tomada das decisões quanto aos processos de gestão da empresa. “Apesar de eu ter percebido ligeira queda nas vendas no sortimento de perfumaria e medicamentos como um todo, recuperei essas perdas por meio do atendimento aos pacientes aposentados atendidos pelo programa Farmácia Popular. Esses clientes, embora reclamem muito da instabilidade financeira e do atraso nos pagamentos, ainda não estão sendo totalmente atingidos, pois integram o grupo de indivíduos portadores de doenças crônicas não transmissíveis de maior incidência na população”, avalia Lahora.

Comunicação Ascoferj
 

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