Folha de S.Paulo
Dez dias depois de a versão genérica do Lípitor (artovastatina) chegar às farmácias por força de liminar obtida pelo laboratório EMS, a multinacional Pfizer, fabricante da droga, anunciou uma parceria com a Eurofarma para lançar outro genérico do medicamento. O remédio é o redutor de colesterol mais vendido em todo o mundo.
A patente de Lípitor expirou por decisão judicial. Isso vai abrir caminho para que outras empresas nacionais fabriquem genéricos e similares do Lípitor.A versão genérica é, no mínimo, 35% mais barata do que o remédio de marca.
De acordo com Freddy Guarin, diretor da unidade de negócios de cuidados primários da Pfizer, a empresa produzirá e fornecerá o genérico da atorvastatina para a Eurofarma. A farmacêutica brasileira, por sua vez, vai promover, distribuir e comercializar o medicamento em território nacional.
Ele afirma que as companhias aguardam a aprovação do genérico pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas a previsão é que o produto chegue ao mercado em setembro.
Guarin diz que a parceria com a Eurofarma foi fechada em abril, portanto, antes da expiração da patente.
No início deste mês, a EMS conseguiu uma liminar (que perde o efeito com a decisão judicial de ontem) que a autorizou a fabricação e a comercialização da versão genérica do Lípitor.
Com essa mesma liminar, a empresa colocou o remédio nas farmácias e venceu duas licitações públicas, em Minas e em São Paulo, por oferecer o menor preço.
No pregão da Secretaria de Estado da Saúde de SP, realizado no início desta semana, a empresa vendeu mais de 7 milhões de comprimidos a R$ 0,90 o valor unitário.
A Pfizer também participou da concorrência e havia dado preço inicial de R$ 2,40 a unidade. Durante o pregão, reduziu o valor para R$ 0,92.
PATENTE
Sobre a decisão judicial em favor do Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que pôs fim à patente do Lípitor, a Pfizer informa que acata, mas discorda da medida e que só vai se manifestar sobre o assunto ao tomar conhecimento do inteiro teor da decisão.
A polêmica gira em torno do prazo da patente obtida por "pipeline" -reconhecimento automático que o governo brasileiro dá a patentes concedidas no exterior.
Para o Inpi, deve ser considerada a data do primeiro registro da droga no exterior. Já as farmacêuticas defendem a data mais recente -se um remédio recebeu a primeira patente nos EUA e, um ano depois, teve outra na Europa, passaria a valer essa data.