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Brasileiras no comando

Quem são elas, como trabalham e quanto ganham: pesquisa do jornal El País e do Instituto Locomotiva traça o perfil da mulher no mercado de trabalho.

Revista da Farmácia – ed. 197:

mulher

 

No Brasil, as mulheres já são reais protagonistas. Segundo dados do Movimento Mulher 360, associação sem fins lucrativos, elas chefiam quatro em cada dez famílias e são responsáveis por 42% da renda familiar. Nas universidades, em 2011, pela primeira vez desde 1985, o número de mulheres com diploma superior se tornou maior que o dos homens. No mercado formal de trabalho, a ambição das mulheres e dos homens praticamente se equivale: 66% delas e 72% deles desejam chegar a líderes de negócios de nível sênior. E, no mercado consumidor, as mulheres controlam 70% do consumo nacional.

Por outro lado, no ambiente corporativo, elas estão distantes dos cargos de liderança, ganham menos do que os homens em cargos iguais e sofrem com preconceito e estereótipos. “Reduzir essas desigualdades é papel de setores da economia, que, juntos, devem estimular e contribuir com o empoderamento econômico feminino”, defende Margareth Goldenberg, gestora executiva da associação Movimento Mulher 360.

De acordo com o Relatório Progresso das Mulheres do Mundo-2015/16-ONU-Mulher, globalmente, a disparidade salarial de gênero é de 24%, isto é, as mulheres ganham 76% do que ganham os homens, sendo que esse percentual aumenta quando se trata de mulheres com filhos. Com as tendências atuais, serão necessários mais 70 anos para eliminar as disparidades salariais de gênero. A região com a maior disparidade é a Ásia Meridional (33%) e com a menor, Oriente Médio e Norte da África (14%). Na América Latina, essa diferença é de 19%. No Brasil, as mulheres ganham 30% a menos que os homens, mesmo tendo o mesmo nível de instrução.

Segundo Margareth, a equidade de gênero é um diferencial competitivo para melhorar o desempenho financeiro das empresas. “Evidências mostram que diversidade e equidade geram novos negócios. Mais diversidade de pensamento gera inovação e proporciona melhor entendimento do mercado. Características consideradas ‘femininas’ são vistas como traços importantes para a nova liderança, entre elas, empatia, flexibilidade, intuição e espírito de equipe. Portanto, as empresas com esse perfil são mais propensas a ter retorno financeiro acima das médias de mercado em seus países”, afirma Margareth.

Pesquisas indicam que, se até 2025, todos os países progredirem rapidamente em direção à paridade de gênero nas empresas, o PIB mundial aumentaria em até US$ 12 trilhões.

 

Seminário Brasileiras

O jornal El País, em parceria com o Instituto Locomotiva Pesquisa e Estratégia, apresentou, em dezembro de 2016, em São Paulo, o Seminário Brasileiras: como elas estão mudando o rumo do País. O evento reuniu representantes de empresas, governo e terceiro setor para debater sobre a atuação das mulheres em cargos de poder.

A pesquisa apresentou dados inéditos sobre a posição e a condição da mulher no mercado de trabalho. Atualmente, são 105 milhões de mulheres no Brasil, o que coloca o País na 12ª posição mundial, com uma população feminina duas vezes maior que a da Espanha. De acordo com o levantamento, gênero e raça ainda influenciam a renda. A média salarial de um homem branco é de R$ 6.590, enquanto a de uma mulher branca é de R$ 3.915. Homens negros ganham, em média, R$ 4.730, enquanto mulheres negras têm rendimentos aproximados de R$ 2.870.

As últimas décadas foram de transformação: menos filhos, mais estudo e mais renda própria. O tempo de escolaridade subiu para 8,1 anos e o número de filhos por mulher caiu para 1,7. O emprego formal feminino expandiu e mais 9,3 milhões de mulheres passaram a integrar o mercado de trabalho, o que equivale a quase toda a população de Portugal. Em 20 anos, dobrou o número de lares chefiados por mulheres. Em 2015, 40% dos núcleos familiares dependiam delas para sobreviver.

Apesar dos avanços e de homens e mulheres concordarem que ambos são igualmente capazes de desempenhar diversos papéis sociais, três em cada dez homens acham que “é justo mulheres assumirem menos cargos de chefia, já que podem engravidar e sair de licença maternidade”. E 15,4 milhões de homens, de acordo com a pesquisa, concordam que “o marido sempre deve ganhar mais que a esposa”.

O tempo dedicado à vida familiar também é desigual. Em geral, as mulheres dedicam 55% do tempo à profissão e 45% à família. Os homens, por sua vez, empregam 69% do tempo no trabalho e apenas 31% à vida familiar. Segundo o estudo, 24% das mulheres que trabalham já trocaram de emprego alguma vez na vida para ter mais tempo com a família, contra 17% dos homens. São, aproximadamente, nove milhões de trabalhadoras que já tomaram uma atitude como essa.

O preconceito no mercado de trabalho vai muito além da desigualdade salarial. Três em cada dez trabalhadoras brasileiras afirmam que já foram assediadas por um superior. São 16 milhões que já sofreram pessoalmente algum tipo de preconceito ou violência no ambiente de trabalho.

Tendo que se dividir entre trabalho e família, muitas mulheres pedem demissão para abrir o próprio negócio. O desejo de empreender é comum a homens e mulheres, mas as razões para isso são diferentes. Eles querem ganhar mais dinheiro, elas querem um horário flexível. Por isso, 68% das mulheres concordam que, para uma mãe, é melhor ter o próprio negócio do que trabalhar em uma empresa, obtendo mais flexibilidade para cuidar dos filhos.

 

 Mulheres no varejo farmacêutico 

A Revista da Farmácia não encontrou nenhuma pesquisa específica sobre a ocupação da mulher no setor varejista farmacêutico. De fato, parece não existir, até o momento, um estudo dedicado a esse aspecto. A exceção fica por conta do Censo Demográfico Farmacêutico 2014, realizado pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação do Mercado Farmacêutico (ICTQ), de São Paulo. O objetivo do estudo foi mapear a presença e distribuição do profissional farmacêutico, da produção de medicamentos à assistência básica de saúde, em todo o País. Foram entrevistados 2.331 farmacêuticos.

Entre os dados apurados, a pesquisa descobriu que o gênero feminino predomina na profissão: 72,2% são mulheres e 27,8% são homens. Elas lideram as principais chefias da área farmacêutica nos estados e munícipios. De fato, a realidade se mostra dessa forma. Basta visitar as farmácias e drogarias do País para perceber que as mulheres predominam.

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Farmacêuticas da Rede Pague Menos: ao centro, de óculos, Cristiane Feijó.

A Rede Pague Menos abriu alguns números e informou que, dos 21.254 funcionários, 12.570 são mulheres, ou seja, mais da metade. Por cargo, são 2.090 farmacêuticas, 3.499 vendedoras, 3.783 operadoras de caixa e 2.180 em outras funções. Desde 1999, Cristiane Feijó é coordenadora técnica farmacêutica da Pague Menos e gerente do SACFarma, serviço de atendimento ao consumidor, além de coordenar o CLINICFARMA, serviço de atenção farmacêutica, que foi implantado em julho de 2014.

“As farmacêuticas são detalhistas, cuidadosas e persistentes. Penso também que a sensibilidade feminina e a dedicação são diferenciais importantes para os negócios de forma geral. Nós, mulheres, somos pés no chão e, ao mesmo tempo, otimistas. Na Pague Menos, temos mulheres diretoras, supervisoras e gerentes, assim como mulheres gerenciando diferentes áreas da diretoria financeira”, compartilha Cristiane.

Por outro lado, a coordenadora destaca que não existe um sexo mais preparado que outro para trabalhar na atenção farmacêutica. A demanda é por profissionais capacitados, porque o serviço exige sensibilidade e dedicação. “Não posso deixar de destacar que as mulheres são mais atenciosas e delicadas no cuidado com o paciente, porém já existem homens com esse carisma”, finaliza.

 

Mulheres agem como mulheres 

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Eliane Brenner, diretora presidente da Dermatus.

Ao longo da história, a Dermatus foi marcada pela presença feminina nas mais variadas funções. Apesar de se definir com uma empresa sem viés de gênero, 65% dos cargos são ocupados por mulheres e 35%, por homens. A liderança das áreas técnica e comercial está com as mulheres, enquanto as áreas contábeis, de tecnologia e produção estão nas mãos de homens.

“As mulheres têm uma grande presença na empresa, o que talvez seja reflexo dos primeiros anos de trabalho da marca, quando cosméticos eram produtos extremamente femininos, de ‘mulher para mulher’. Mas hoje o público da marca é muito diversificado. Além das mulheres, os produtos são muito utilizados por homens, adolescentes e crianças. A Loção Beatriz, produto campeão de vendas, é um grande sucesso na rotina de tratamento masculino”, ilustra Eliane Brenner, diretora presidente da Dermatus

Para a empresária, a contribuição feminina é interessante e traz ao mundo dos negócios possibilidades de se fazer diferente. “Mulheres agem, nos negócios, como mulheres e isso fascina. Acho que o grande número de mulheres à frente das farmácias de manipulação trouxe contribuições fantásticas na instalação de um saber específico, com destaques na assistência farmacêutica e na área de pesquisa”, constata Eliane, há 39 anos conduzindo a Dermatus.

 

Entre mulheres 

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Ilana Braun, CEO da Dermage.

A Dermage é conduzida por Ilana Braun, CEO da companhia, economista e advogada, com MBA em Gestão pela PUC-RJ. Ilana, que já trabalhou em bancos de investimentos, como Itaú BBA e Modal, é filha de Lisabeth Braun, fundadora da Dermage, primeira empresa brasileira conduzida por uma mulher a lançar produtos hoje consolidados no mercado de beleza. Atualmente, são 60 lojas em diversos pontos do Brasil, mais de 1,2 mil pontos de venda e 300 funcionários, sendo 90% mulheres, ocupando os mais variados cargos: vendedoras, analistas, farmacêuticas, diretoras.

“No universo de cosméticos e beleza feminina, trabalhar com mulheres é muito importante. Afinal, ninguém melhor do que elas, usuárias desses produtos, para saber e entender quais são suas necessidades, que são as mesmas das consumidoras. Também preveem novas oportunidades para a marca, inclusive temos vários exemplos de produtos desenvolvidos a partir da necessidade e opinião de nossas colaboradoras e clientes, como o Photoage Max FPS 99”, pontua Ilana.

Na Dermage, as gestoras das lojas são mulheres, em sua maioria, farmacêuticas. A maior parte das vendedoras também. “Apesar de existirem excelentes profissionais homens em nosso time, percebemos e entendemos que o maior número de mulheres é uma demanda natural do nosso mercado. É quase instintiva para a mulher a capacidade de se comunicar e entender a necessidade das consumidoras de dermocosméticos. Afinal, é o universo delas”, acrescenta.

Segundo a CEO da Dermage, as mulheres costumam ter habilidades multidisciplinares muito versáteis, o que é bom para os negócios. Outros pontos que merecem destaque são: alto grau de criatividade, detalhismo extremo e elevada capacidade de comunicação. “Considerando que a Dermage atua em um mercado de inovação, essas características são extremamente importantes. Sinto também que o setor farmacêutico tem se beneficiado dessas características em diversos momentos: desenvolvimento, marketing de produtos e equipe de vendas”, especifica Ilana.

À frente da companhia, Ilana enfrentou muitos desafios, alguns deles por ser mulher. “O preconceito não é direto. Ocorre que, como mulher empresária, você costuma ser ‘minoria’ em muitas reuniões e encontros. Acredito que a melhor forma de lidar com isso é demonstrar sua capacidade e liderança, sem se intimidar com essas situações. Sinto que estamos melhorando e torço para que a sociedade continue evoluindo nesse sentido”, avalia a CEO, que herdou da mãe, Lisa Braun, a resiliência. “Eu, como empreendedora, mãe e mulher, muitas vezes, encaro situações delicadas, mas minha mãe me ensinou que precisamos lutar e enfrentar as barreiras da vida. Jamais desistir de nossos sonhos e ideais”, finaliza Ilana.

 

Mulher na gerência

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Dulcilea Alves, a primeira gerente mulher no ramo de supermercados.

Dulcilea Alves foi a primeira gerente mulher no ramo de supermercados no Rio de Janeiro. É uma desbravadora, com muitas histórias para contar. No início de 1970, assumiu a gerência na rede Casas da Banha, fundada em 1955. “Pensei que meu maior desafio seriam os homens, mas me surpreendi, pois a principal dificuldade de aceitação veio das próprias mulheres. Eu tinha apenas 18 anos”, conta.

No início de 1990, deixou o ramo de supermercados e se aventurou no segmento farmacêutico, assumindo a gerência nas Drogarias Pacheco. “Cheguei à rede trazendo perseverança, motivação e autoconfiança do emprego anterior, mas ainda assim tive de enfrentar grandes desafios. Ao contrário das Casas da Banha, encontrei duas resistências na Pacheco: a primeira, dos gerentes, que não aceitavam que se contratasse alguém de fora do ramo; a segunda, dos balconistas homens de meia idade, que não lidaram muito bem com o fato de haver uma mulher no comando sem conhecimento técnico dos produtos. A realidade hoje é outra, com elevado nível de equidade de gênero em quase 100% das empresas do setor”, conta Dulcilea.

A profissional, atualmente no ramo imobiliário, acredita que as empresas saem ganhando quando empregam mulheres, pois elas são sutis, pacientes e antecipam as necessidades do consumidor. Os homens, por sua vez, são objetivos. “Cada um, a seu modo, faz muito bem o seu papel”, finaliza.

 

Veja como promover a equidade no ambiente corporativo, com base nos sete princípios do empoderamento feminino: 

  1. LIDERANÇA – Estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade entre gêneros.
  2. IGUALDADE DE OPORTUNIDADE, INCLUSÃO E NÃO DISCRIMINAÇÃO – Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não discriminação.
  3. SAÚDE, SEGURANÇA E FIM DA VIOLÊNCIA – Assegurar a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
  4. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO – Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional das mulheres.
  5. DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL E PRÁTICAS DA CADEIA DE FORNECEDORES – Implantar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres.
  6. LIDERANÇA COMUNITÁRIA E ENGAJAMENTO – Promover a igualdade por meio de iniciativas comunitárias e de defesa.
  7. ACOMPANHAMENTO, MEDIÇÃO E RESULTADO – Medir e publicar relatórios dos progressos para alcançar a igualdade entre gêneros.

Nove barreiras que impedem o avanço da equidade de gênero:

  1. Cultura corporativa masculina.
  2. Falta de políticas e programas de igualdade na empresa.
  3. Os estereótipos contra as mulheres.
  4. Falta de treinamento de liderança para mulheres.
  5. Falta de soluções de trabalho flexíveis.
  6. Falta de estratégia para a retenção de mulheres qualificadas.
  7. Ausência de modelos e referências de mulheres líderes.
  8. Preconceito de gênero inerente ao processo de recrutamento e promoção.
  9. As mulheres têm mais responsabilidades familiares do que os homens.

 

A origem do Movimento Mulher 360

Nos últimos anos, diversas empresas vêm buscando promover a diversidade e ampliar a participação feminina no ambiente corporativo. Para potencializar e acelerar essa trajetória, o Movimento Mulher 360 foi criado, em 2011, a partir de uma iniciativa do Walmart.

Em 2015, o Movimento ganhou força e se tornou uma associação independente sem fins lucrativos, formada por meio da união entre organizações protagonistas do cenário empresarial brasileiro, comprometidas em promover a equidade de gênero e o aumento da participação feminina no ambiente corporativo, nas comunidades e na cadeia de valor.

São sócias-fundadoras dessa associação as seguintes empresas: Bombril, Cargill, Coca-Cola, DelRio, Diageo, Johnson&Johnson, Natura, Nestlé, Pepsico, Santander, Unilever e Walmart.

Empresas interessadas podem se associar e receber o apoio da associação para avançar com as práticas empresariais para equidade de gênero e empoderamento feminino.

Fonte: Movimento Mulher 360

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